Há anos venho estudando e buscando compreender exatamente o que é arquétipo. É um tema recorrente nas minhas reflexões sobre indústria, mercado, economia, sociedade, cinema e, dentre tantos outros assuntos, sobre o meu Eu nesse mundo que habito.
Mas afinal, qual a importância de compreender esse conceito? Quando se pretende realizar uma comunicação em massa, como no audiovisual, entender figuras arquetípicas é quase como respirar. Afinal, uma maneira eficaz de conquistar sua atenção e confiança é assumir a figura de quem naturalmente provoca esses sentimentos. Para isso, preciso entender como essa figura se forma no seu inconsciente — um passo fundamental para construir uma comunicação envolvente.
Memórias esquecidas
Vejo nosso cérebro como uma máquina processadora de sinais neurais. Entretanto, é uma máquina tão complexa que é praticamente impossível compreendê-la por inteiro. Por isso, acredito que ficaremos nesse “quase” por muito tempo.
Mas o que o cérebro processa, afinal? Os dados que nossos sentidos coletam. A visão, audição, olfato, paladar e tato transformam-se em sinais neurais que seguem para o nosso cérebro. Esses cinco sentidos representam nossos únicos pontos de contato com a realidade. Então, o cérebro processa e filtra esses sinais; descarta alguns e guarda outros que valorizamos nas nossas memórias esquecidas.
O nosso inconsciente é formado por esses conteúdos esquecidos, que não acessamos diretamente. Eles estão lá e servem de alicerce para o nosso consciente, presentes em todas as nossas decisões cotidianas.
Sabe quando está assistindo a um filme e começa a chorar sem saber muito bem o motivo? Pois é, seu inconsciente foi acessado. Se assistiu a Divertidamente, conseguiu me acompanhar até aqui.
Por isso, essas decisões define o que somos.
Memórias comuns esquecidas: Arquétipo
Segundo C.G. Jung, existe uma camada ainda mais profunda dessas memórias esquecidas: uma camada primitiva, a dos nossos instintos animais. De alguma forma, o conteúdo dessa camada é compartilhado por todos os seres humanos.
Se você é religioso, talvez interprete isso como uma conexão direta com uma divindade. Não importa a religião, etnia, lugar ou época: sempre existiu a figura de um pai, filho e mãe na religiosidade.
Como não sou religioso, diria que minhas memórias esquecidas é resultado das vivências semelhantes que a sociedade me oferece.
Nascemos com poucos meses de vida, somos alimentados, cuidados, educados, nos interessamos por determinados assuntos, enfrentamos a realidade político-econômica da sociedade em que estamos inseridos — tudo isso interpretado por um cérebro pré-programado.
Por mais ampla que seja a diversidade neural na humanidade, ainda assim, é um órgão com um padrão pré-definido. Assim, os sinais neurais processados e esquecidos pelos nossos cérebros acabam por se assemelhar, criando então essa figura do arquétipo. Um EU compartilhado com todos, ou pelo menos uma parte desse EU
Lendo sua alma
E qual a importância de saber tudo isso? Bom, da próxima vez que você ouvir um coach lhe vendendo cursos sobre como vender cursos, com um discurso que o fará pensar “Parece que ele está falando comigo!”, você saberá: ele apenas estudou seu arquétipo.