Acabei de assistir ao Robô Selvagem no Cinépolis do Marília Shopping.
A primeira cena é um raio cortando uma nuvem negra em meio a uma tempestade noturna.
Em seguida somos levados a beira de uma ilha rochosa sob o ponto de vista de um olho mágico, algumas lontras se aproximam para espiar a ilustre visita. Então a câmera começa a se afastar revelando aos poucos de que, na realidade, estávamos observando os reflexos do olho de um robô. A ROZZUM 7134.
O novo padrão estético
A direção de arte escolhida segue a tendencia atual dos filmes de animação computadorizada do qual tive acesso pela primeira vez com Aranha Verso, texturas cartoonescas aplicada a um cenário volumétrico de três dimensões. O que me faz pensar no movimento natural que historicamente acontece na arte e na cultura.
Desde o surgimento da computação gráfica 3D, a busca dos artistas sempre foi pelo hiper-realismo. A capacidade de gerar de forma sintética uma imagem tão real quanto um registro fotográfico fascinava e norteava tantos os cientistas da computação gráfica quanto os artistas digitais.
Podemos dizer que este feito foi alcançado a pouco tempo. Filmes como Avatar 2 de James Cameron sintetiza todo o desenvolvimento tecnológico desde o surgimento da interface gráfica na década de 60 até os dias de hoje.
Sendo assim, a tendencia agora é explorar as vastas possibilidades que a tecnologia de geração de imagem digital tem a nos oferecer, é onde começa a surgir um novo movimento cultural estético.
Fascinante.
Estrutura narrativa
Assim que a nossa protagonista, ROZ, escapa do litoral rochoso da ilha imitando um caranguejo para subir uma parede íngreme, ela se depara com uma vida selvagem incapaz de lidar com um estranho, um alguém novo completamente diferente.
Assim como qualquer Robô pré programado, a natureza de ROZ é concluir tarefas. Sai em busca de uma tarefa a ser executada, mas sua falta de comunicação com os animais a faz ativar um modo aprendizado e depois de um breve time-lapse ela passa a entender tudo a sua volta.
Um recurso de roteiro bem engenhoso para fazer os animais falantes mais críveis e não deixar o filme chato. Uma vez que estamos falando de um Robô Selvagem e animais silvestres, diga-se de passagem.
Mesmo se esforçando tanto, ainda é rejeitada pelos moradores da ilha e se vê isolada em busca de uma tarefa para cumprir.
Ponto de virada na história
Estrutura clássica de um roteiro é dividida em Três Atos com pontos de viradas entre eles. E aqui, ROZ sem querer cai em um ninho de gansos sobrando apenas o Ovo de um filhote desfavorecido pela genética, por conta disso é rejeitado pelos seus iguais.
É uma ilha selvagem, não espere hospitalidades.
ROZ se vê com a tarefa de educar o filhotinho o preparando para a temporada de emigração contando apenas com ajuda de uma raposa malandra e solitária durante todo o segundo Ato do filme.
No fim de tudo, o filme é uma metáfora reflexiva sobre Relações Familiares.
Reconhecer qual é sua natureza e deixá-la amadurecer da melhor maneira possível.