Quando estudei o mercado de cinema e o Audiovisual de Alto Valor Agregado, me deparei com uma estratégia crucial da indústria: a Janela de Exibição.
Essa “janela” é o tempo em que o filme fica em cartaz entre uma mídia e outra. No caso dos filmes de Hollywood, o lançamento era feito nacionalmente em redes de cinema. Depois de um período — de acordo com a estratégia de cada estúdio — o filme seguia para exibição em companhias aéreas e hotéis, depois para o Pay-Per-View das TVs a cabo, em seguida para a TV aberta, e por fim para o mercado de home video, como DVDs e Blu-rays.
Durante todo esse trajeto, o filme continuava gerando receita, permitindo o famoso fenômeno de mercado conhecido como “Cauda Longa” (Long Tail).
Como funciona a Janela de Exibição nos mercados digitais?
YouTube e redes sociais, em uma comparação um tanto porca (mas necessária), seriam o equivalente à TV aberta nesse novo cenário. Ou seja, seguindo a lógica dos estúdios de Hollywood — uma turma que sabe como fazer dinheiro com audiovisual — essas plataformas deveriam ser as últimas na janela de exibição digital.
O que é VOD – Vídeo por Demanda?
Vídeo por Demanda é, como o nome sugere, o modelo em que o conteúdo é acessado conforme a demanda do espectador. Diferente da sala de cinema e da TV tradicional, onde o conteúdo passa em um horário fixo para vários ao mesmo tempo, o VOD permite que cada pessoa assista quando e como quiser. (VOD = Video On Demand, em inglês).
Apesar de hoje vivermos completamente imersos no universo do VOD, esse mercado não é novo. Ou seja, seu ponto de partida foi ainda na década de 60, com as primeiras fitas cassete de vídeo.
Modelos de Vídeo por Demanda
O que nos interessa aqui é entender as formas de ofertar um VOD e como faturar com sua obra audiovisual:
- TVOD (Transactional VOD) – Vídeo por Demanda suportado por transação única (venda ou aluguel).
- SVOD (Subscription VOD) – Vídeo por Demanda por assinatura (acesso a um catálogo mediante mensalidade).
- ADVOD (Ad-Supported VOD) – Vídeo por Demanda suportado por anúncios.
Como monetizar seu conteúdo audiovisual?
A principal fonte de renda de um conteúdo audiovisual na internet é a venda direta (TVOD). Inclusive, utilizei recentemente a Hotmart, uma plataformas voltadas a infoprodutores. A saber, você define o preço que quiser. Dependendo do valor percebido no conteúdo, o público paga caro — e feliz.
Um fenômeno interessante do mercado digital é que muitos produtos audiovisuais permanecem anos sendo vendidos a preços altos. Porém, uma vez que seu conteúdo se esgote nas vendas diretas, você pode redirecioná-lo para duas opções:
- Inserir em um catálogo com cobrança mensal (SVOD).
- Disponibilizar em canais abertos suportados por anúncios (ADVOD).
Canais abertos vs canais fechados
Outra característica fundamental da distribuição digital é a existência de canais abertos e canais fechados.
Plataformas como Hotmart são canais abertos para qualquer pessoa distribuir e vender seu conteúdo audiovisual. No entanto, grandes plataformas como Prime Video e Apple TV exigem uma intermediadora (agregadora) para integrar ao seu marketplace.
YouTube, Facebook e TikTok são canais abertos e gratuitos para qualquer criador, funcionando no modelo ADVOD, cada qual com seu próprio sistema de monetização. Por outro lado, serviços como Pluto.TV, apesar de gratuitos, exigem uma empresa intermediadora, pois são canais fechados.
No caso das gigantes como Netflix, Disney+ e MAX, a agregação ao catálogo é ainda mais restrito: elas precisam desejar o seu conteúdo. Isso normalmente acontece por meio de Rodadas de Negócio, onde produtores apresentam seus projetos.
Criando sua própria plataforma OTT
Você também pode criar sua própria plataforma OTT (Over The Top) e disponibilizar seus conteúdos após um glorioso período de vendas no modelo TVOD.
Contudo, esse caminho é bem mais trabalhoso. Envolve outras preocupações além da produção, como tecnologia, suporte ao cliente, marketing e infraestrutura. A grande vantagem? Total independência. A desvantagem? Exige muito mais do que simplesmente produzir e distribuir.
No fim das contas, produza, publique e venda. As ferramentas estão aí. O que falta, muitas vezes, é entendimento da lógica de distribuição e visão estratégica de longo prazo.
Portanto, se você conseguir organizar a sua própria janela de exibição digital, com etapas claras de monetização, vai perceber que dá sim para viver do audiovisual de forma sustentável.