O Lobby de Hollywood no Brasil

O Macabro Lobby de Hollywood no Brasil sempre vinha a tona nas discussões com colegas do audiovisual que igualmente, sonham em viver de cinema mas ostentam uma visão política oposta a minha.

Este argumento sempre foi usado em tom de desgosto por conta de uma perseguição pura e simples por parte dos americanos ao cinema nacional. Porém, ao buscar entender essa história a fundo, ví que não foi bem assim.

Hollywood à Brasileira

Não é segredo para ninguém que o Brasil é o pais das Estatais. Inclusive, é nossa principal herança dos tempos de ditadura.

Diversas Estatais foram criadas nos longos 21 anos de regime militar em diversos setores da economia. 

Não seria diferente com o cinema. Portanto, em 1969 é criada a EMBRAFILMES (Empresa Brasileira de Filmes), uma produtora e distribuidora estatal Brasileira de filmes.

Como todas as estatais tinha a postura Monopolista. Portanto, as redes de cinema sendo privadas, respondiam diretamente a Estatal.

Incluindo taxas exorbitantes para a exibição de filme estrangeiros.

Você, Brasileiro vacinado que é, já deve imaginar a farra que era. Estatal Brasileira é sinônimo de corrupção e, consolidação de poder politico. 

Fora os problemas internos como favorecimento dos Cineastas Cariocas em detrimento dos Paulistanos.

Zero atenção aos escritórios de outras capitais.

Perseguição a cineasta independente só por fazer mais sucesso do que a turma do Cinema Novo e por aí vai

O Guarda Costas de Hollywood

A Motion Pictures Association é um sindicado americano que defende os interesses de todos os Estúdios Americanos. Mas, claro que os grandes estúdios se destacam e têm mais influência. 

Na pratica é um quartel com acesso direto a Casa Branca para fazer o que fosse preciso para defender os interesses dos americanos pelo mundo, até sanções econômicas foram postas à mesa. E, esse guarda costas tinha nome e sobrenome. Jack Valenti.

Valenti tinha duas missões básicas fora dos Estados Unidos da America: Abrir mercado pro Audiovisual americano e, fortalecer leis de propriedade intelectual. Em suma, o Combate a pirataria. 

A lógica era simples, seria difícil pros realizadores locais brigarem com as superproduções americanas, então, era só abrir o mercado que Hollywood fazia o resto.

É onde entra o Lobby, a articulação política da MPA pelo mundo.

Neste contexto que em 1990, o então Presidente da Republica Fernando Color de Mello, simplesmente estingue a EMBRAFILMES.

Sua privatização nem foi discutida como ocorreu com outras estatais da época, em suma, ela simplesmente deixou de existir.

A Guerra Fria do Audiovisual Brasileiro

De lá pra cá acontece o que tomo a liberdade de chamar de Guerra Fria do Audiovisual. De um lado, Coletivistas lutando para fechar cada vez mais o audiovisual nacional com uma importante vitória antes da virada do milênio. A instauração da ANCINE que na prática foi a volta da EMBRAFILMES mas, com menos poder.

Do outro lado, os Individualistas americanos na defesa do livre mercado audiovisual. Na minha visão, estavam perdendo força até a chegada das Streaming renovando o fôlego dos estúdios americanos no Brasil. Atualmente são os alvos do lado coletivista deste campo de batalha cultural.

O Egoísmo que pode servir para o bem

Jack Valenti tinha muito poder e influência e usava com vontade a seu favor. As festas com celebridades americanas nas coberturas do Rio de Janeiro é um bom exemplo disso. Mesmo assim, vejo como positivo sua atuação no Brasil, sou um grande defensor do livre mercado e sinto muita falta disso no pais como um todo. 

Além do mais, tenho observado que as Streaming tem feito muito mais para o Audiovisual Nacional nos últimos dez anos do que a Ancine foi capaz de fazer nos seus quase 25 anos de existência. Mas, esta é uma discussão para um futuro artigo.